O mês de maio foi marcado por tentativas de diálogo, somadas às manobras da cúpula da Igreja Católica, que ao contrário da maioria dos padres, queria isolar as lideranças estudantis e as legítimas entidades como UNE, UME e AMES. Com isso, divulgava interesse em ajudar nas negociações articulando um encontro entre o Ministro da Educação, Tarso Dutra, e os estudantes. O governo estimulava esta política.
Os estudantes fugiram, porém, do sectarismo. A UME, em primeiro lugar, embora afirmasse não confiar nas intenções do governo, declarou que aceitaria dialogar. O Conselho da União Nacional dos Estudantes, realizado em Salvador, aprovou o diálogo com o governo “para desmistificar suas intenções”, afastando qualquer possibilidade de inflexibilidade por parte dos estudantes. Ficava formalizada a intenção do movimento estudantil em dialogar com o governo militar.
A disposição ao diálogo atraiu estudantes de direita, que passaram a prestigiar a UME. A UEE da Guanabara tornou-se a única entidade no Brasil a agrupar todas as posições ideológicas. Os estudantes de direita se engajaram na luta por mais verbas, acompanhando partir de então, todas as manifestações estudantis.
O mês de junho começou com uma greve na UFRJ, reunindo 16 mil estudantes, funcionários e professores. O objetivo da paralisação era protestar contra o corte de verbas para a URFJ, o atraso no pagamento dos salários de funcionários e professores, a transformação da universidade em fundação privada, além do apoio à luta dos estudantes que utilizavam o restaurante do Calabouço.
Além da greve, que durou 48 horas, as lideranças da UNE, UME e DCEs decidiram em reunião na PUC, dissolver a comissão provisória do diálogo criada pela Igreja, com o bispo José de Castro Pinto e o padre Vicente Ádamo. Ficou resolvido também, que caberia à UME constituir a representação estudantil para dar continuidade ao diálogo, levando as reivindicações dos estudantes ao Ministro da Educação, Tarso Dutra. Para o presidente da entidade, esta permaneceria na luta para manter a unidade do movimento.
“ A gente aceita dialogar com a ditadura quando soltarem os estudantes presos, deixarem de perseguir e reprimir e reabrirem o Calabouço”
Os estudantes foram sendo dispersados à base de cassetetes, pontapés e jatos d’água. Outros grupos seguiam em passeata pela Avenida Presidente Vargas, em direção à Central do Brasil, acompanhando os comícios-relâmpagos dos líderes da UNE, UME, FUEC e AMES.
Uma comissão de retaguarda paralisava o trânsito a cada cruzamento ultrapassado pelos manifestantes. Com isso, era possível reter um maior número de veículos, atrasando a perseguição policial.
O Correio da Manhã informava que a ordem da Secretaria de Segurança era “reprimir qualquer manifestação estudantil que se realizasse mesmo que fosse no MEC”.
Segundo a matéria, o próprio Ministério da Educação havia solicitado o reforço no policiamento.