ANO 1968
ANO 1968

Hora do Diálogo

Rio de Janeiro, Maio de 1968

O mês de maio foi marcado por tentativas de diálogo, somadas às manobras da cúpula da Igreja Católica, que ao contrário da maioria dos padres, queria isolar as lideranças estudantis e as legítimas entidades como UNE, UME e AMES. Com isso, divulgava interesse em ajudar nas negociações articulando um encontro entre o Ministro da Educação, Tarso Dutra, e os estudantes. O governo estimulava esta política.

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Hora do Diálogo

Jornal do Brasil - Jornal dos Sports - O Globo
Jornal do Brasil

O Jornal dos Sports, em seu editorial “A hora do diálogo” de 03/05/68, criticava o governo por não compreender o descontentamento dos estudantes com um sistema universitário arcaico e falido, incapaz de coexistir pacificamente com os jovens. Da mesma forma, condenava o conceito de diálogo importo pelo regime militar: “A juventude está à procura de uma linguagem corajosa, que anuncia a revogação do acordo MEC - USAID. De uma atitude firme, que defina a universidade, não como uma casa de elite, mas um centro de preparação aberto à todos”.

Os estudantes fugiram, porém, do sectarismo. A UME, em primeiro lugar, embora afirmasse não confiar nas intenções do governo, declarou que aceitaria dialogar. O Conselho da União Nacional dos Estudantes, realizado em Salvador, aprovou o diálogo com o governo “para desmistificar suas intenções”, afastando qualquer possibilidade de inflexibilidade por parte dos estudantes. Ficava formalizada a intenção do movimento estudantil em dialogar com o governo militar.

A disposição ao diálogo atraiu estudantes de direita, que passaram a prestigiar a UME. A UEE da Guanabara tornou-se a única entidade no Brasil a agrupar todas as posições ideológicas. Os estudantes de direita se engajaram na luta por mais verbas, acompanhando partir de então, todas as manifestações estudantis.

 

Rio de Janeiro, 05 Junho de 1968

O mês de junho começou com uma greve na UFRJ, reunindo 16 mil estudantes, funcionários e professores. O objetivo da paralisação era protestar contra o corte de verbas para a URFJ, o atraso no pagamento dos salários de funcionários e professores, a transformação da universidade em fundação privada, além do apoio à luta dos estudantes que utilizavam o restaurante do Calabouço.

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Jornal dos Sports

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Vladimir durante manifestação
Foto: Arquivo

 

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Hora do Diálogo
Jornal dos Sports - Jornal do Brasil - O Globo

Além da greve, que durou 48 horas, as lideranças da UNE, UME e DCEs decidiram em reunião na PUC, dissolver a comissão provisória do diálogo criada pela Igreja, com o bispo José de Castro Pinto e o padre Vicente Ádamo. Ficou resolvido também, que caberia à UME constituir a representação estudantil para dar continuidade ao diálogo, levando as reivindicações dos estudantes ao Ministro da Educação, Tarso Dutra. Para o presidente da entidade, esta permaneceria na luta para manter a unidade do movimento.


“ A gente aceita dialogar com a ditadura quando soltarem os estudantes presos, deixarem de perseguir e reprimir e reabrirem o Calabouço”

Arquivo
Foto: Arquivo

 

Rio de Janeiro, 11 de Junho de 1968
Pátio do MEC - Centro do Rio

Lideranças estudantis marcaram ato de protesto por mais verbas para o ensino e contra a transformação das universidades em fundações, no pátio do MEC, na parte da tarde. No local, um forte esquema policial, com soldados, brucutus e bombas de gás lacrimogêneo, impedia a concentração programada.

Os estudantes foram sendo dispersados à base de cassetetes, pontapés e jatos d’água. Outros grupos seguiam em passeata pela Avenida Presidente Vargas, em direção à Central do Brasil, acompanhando os comícios-relâmpagos dos líderes da UNE, UME, FUEC e AMES.

Uma comissão de retaguarda paralisava o trânsito a cada cruzamento ultrapassado pelos manifestantes. Com isso, era possível reter um maior número de veículos, atrasando a perseguição policial.

 

clique para ampliarBrucutu chega para reforçar policiamento nas ruas do Centro
Brucutu chega para reforçar policiamento nas ruas do Centro
Foto: Arquivo

clique para ampliarPoliciais com jatos d`água e cassetetes
Policiais com jatos d`água e cassetetes
Foto: Arquivo

clique para ampliarEstudantes correm na contra-mão do trânsito
Estudantes correm na contra-mão do trânsito
Foto: Arquivo

 

O Correio da Manhã informava que a ordem da Secretaria de Segurança era “reprimir qualquer manifestação estudantil que se realizasse mesmo que fosse no MEC”.

Segundo a matéria, o próprio Ministério da Educação havia solicitado o reforço no policiamento.

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Correio da Manhã

 

 

 

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