Membro de tradicional família alagoana, vem com a família para o Rio de Janeiro em 1951, em função da transferência do pai, Rui Palmeira, então deputado federal pela UDN.
Começa a fazer política estudantil no colégio Mallet Soares, ao participar como delegado aos congressos da AMES - Associação Metropolitana dos Estudantes - no período de 1961 a 1963.
Nesta época, torna-se diretor da revista estudantil Seiva, além de fundar com outros colegas o grêmio da escola, Centro Cívico Olavo Bilac.
Em 1964, passa no vestibular para a Faculdade de Direito da UFRJ, participando das primeiras lutas estudantis da universidade.
No ano seguinte, está presente nas primeiras manifestações de rua contra a ditadura - um protesto em solidariedade aos estudantes dominicanos, diante da invasão americana a este país, e uma caminhada da faculdade até a Central do Brasil, onde se fez um comício contra o regime militar.
Em 1966, Vladimir começa a se destacar como líder de massa e é eleito presidente do CACO - Centro Acadêmico Cândido de Oliveira. Lidera a luta contra o pagamento das anuidades e em defesa do ensino público além de dirigir diversos atos dos estudantes no segundo semestre. Ao lado de Daniel Aarão Reis, vice-presidente do CACO, reorganiza a UME - União Metropolitana dos Estudantes, entidade estadual do antigo estado da Guanabara.
Daniel e Vladimir se juntam à luta dos estudantes do Calabouço, um restaurante que era administrado pela UME e passara a ser controlado pela ditadura, que ameaçava fechá-lo. Os estudantes do Calabouço, cuja maioria era de secundaristas pobres, passariam a ter importante papel nas manifestações de 1968, sob a direção da FUEC - Frente Unida dos Estudantes do Calabouço - tendo o presidente Elinor Brito como maior liderança.
Em função da luta contra o pagamento das anuidades, em 1966, Vladimir é suspenso por um ano da faculdade. Entretanto, neste ano e no seguinte, continuava presente e atuante na UFRJ, apoiando movimentos como a reabertura do Calabouço e os embates travados pelos estudantes da Universidade Rural.
No segundo semestre de 1967, delegado ao congresso da UNE, consegue, com seu grupo, grande vitória para as teses da Guanabara. Porém, eles perdem a disputa pela presidência da entidade, com a derrota de Daniel Aarão Reis para o colega Luiz Travassos, de orientação diversa.
Com isso, participa do conselho da UNE que endossa as teses da União Metropolitana dos Estudantes, de centrar a luta estudantil contra a política educacional do governo e unir as questões reivindicatórias e políticas, os movimentos nas ruas e nas escolas.
Em 1968, defende a priorização da luta por mais verbas como a mais importante para o movimento estudantil, contra outras correntes que queriam centrar na tese do não pagamento das anuidades. Deste modo, a luta por mais verbas viria a ter um estrondoso sucesso, que combinada com as lutas no interior das escolas e nas ruas, desembocaria nos confrontos de junho e na famosa Passeata dos Cem Mil, no final do mesmo mês.
Antes disso, Vladimir vivencia um momento muito importante. Apesar dos secundaristas com o apoio da UME, terem reconquistado o Calabouço, em 1967, o restaurante havia sido entregue inacabado pelo governo militar.
Em uma passeata, das inúmeras que os comensais do Calabouço realizavam para a conclusão das obras, em 28 de março de 1968, a polícia mata o estudante Edson Luiz, de 16 anos, causando revolta e comoção popular. No enterro, comparecem dezenas de milhares de estudantes além de padres, freiras, professores, sindicalistas, políticos, intelectuais.
Como presidente da UME, Vladimir lidera os estudantes nas diversas manifestações que seguiriam, como na passeata no 1º de abril, onde os estudantes denunciam a ditadura, sendo reprimidos com violência. Na missa de sétimo dia de Edson Luis, na Igreja da Candelária, a violência é ainda mais animalesca, apesar do esforço dos padres para defender o povo.
Vladimir durante manifestação
Foto: Arquivo
Vladimir defende tese da UME
Foto: Pedro Moraes
Para mostrar que é do governo a responsabilidade pelos conflitos, Vladimir pede autorização à polícia para um comício no Centro do Rio. A licença é dada, mas o cerco policial é enorme e há mesmo tentativas de prisões, o que leva o movimento a dispensar a permissão do regime militar para manifestações futuras.
Nesse momento, a ditadura começa uma ofensiva para isolar as entidades estudantis como UNE e UME. O bispo Dom Castro Pinto propõe um diálogo entre governo e estudantes, com a exclusão das mesmas. Trava-se uma grande disputa política, pois uma parte do movimento estudantil se recusa a dialogar.
Vladimir e os companheiros da UME e da UNE defendem a aceitação do diálogo. Não que acreditassem no governo, mas consideravam que a única forma de desmascará-lo era mostrando que era o regime militar que não tinha interesse na solução popular dos problemas da universidade. Por outro lado, preparam uma grande reunião da UME para discutir com delegados eleitos. Estudantes que tinham se aliado à cúpula da Igreja e ao regime são derrotados fragorosamente e a UME cresce, incorporando praticamente todos os setores estudantis, mesmo os de direita, transformando-se de fato numa entidade de massa do estado da Guanabara. Por sua vez, o conselho nacional da UNE apóia a posição da UME.
Com isso, a UME estimulava cada vez mais a luta nas escolas e fora delas. No fim de maio, se aprova uma greve geral de advertência na UFRJ. No início de junho, há importantes manifestações estudantis, com violenta repressão. Os estudantes dizem querer o diálogo, mas insistem no fim da repressão e das prisões.
Na segunda quinzena de junho explodem as manifestações mais duras de todo ano de 68. Na quarta-feira, 19 de junho, os estudantes tentam ocupar o MEC, para demonstrar que queriam dialogar. Impedidos, fazem barricadas na Avenida Rio Branco, onde enfrentam com sucesso a PM e tomam conta do centro do Rio. Nem a cavalaria conseguiu desalojá-los. O incêndio de um caminhão do exército, sem autorização da UME, precipita intervenção do exército. O confronto se prolonga até a noite. Quatro estudantes, entre eles Jean Marc, são detidos, como responsáveis pela destruição do veículo.
Na quinta-feira, 20 de junho, Vladimir comanda a ocupação da reitoria da UFRJ e força o conselho universitário a dialogar com os estudantes. A polícia cerca o prédio, na Praia Vermelha, os estudantes saem à força. Mas uma parte deles é presa e levada para o campo de Botafogo, onde são espancados e humilhados pela polícia.
Na sexta-feira de manhã, os estudantes tomam novamente as ruas do Centro, onde são aclamados pela população, indignada com a ação policial. A polícia aparece atirando e um longo confronto se instala. Vladimir e outras lideranças estudantis conseguem escapar do cerco policial. Os conflitos só terminam depois das dez horas da noite, fazendo do Rio de Janeiro uma cidade conflagrada.
A UME convoca nova manifestação para o dia 26 de junho. Teme-se pelo confronto total. Porém a ditadura recua, permitindo a passeata no Centro do Rio, que será conhecida como a Passeata dos Cem Mil. Vladimir assume a liderança da manifestação que, em maior escala, tem a mesma participação da população de quando do enterro de Edson Luiz, mas com uma presença significativa de artistas de teatro e de cinema, além de músicos e intelectuais.
Uma comissão popular é tirada para dialogar com o governo e é recebida pelo General Costa e Silva. Mas como não houve acordo, os estudantes fazem outra passeata, conhecida como a Passeata dos Cinquenta Mil. Nesta, mais estudantes que outros setores. Mais dura, dirige-se ao prédio do Supremo Tribunal Militar, no Campo de Santana, onde Vladimir discursa em cima do capô de um carro, enquanto as paredes são pichadas com pedidos de liberdade para os presos.
A UME decide se voltar de novo para dentro das escolas, para reorganizar o movimento estudantil. Mas não deixa as ruas. Vladimir comanda pequenas manifestações de solidariedade aos operários de Osasco, que iniciam uma violenta greve contra os patrões e contra a ditadura, liderados por José Ibraim - que em 1969 seria preso e libertado, ao lado dos líderes estudantis, através da troca pelo embaixador americano, seqüestrado no Rio por grupos revolucionários.
No dia 2 de agosto, Vladimir é preso. Os protestos dos estudantes são sufocados pelo exército. Ao longo do segundo semestre, a luta estudantil perde em força. Ainda se vêm manifestações de porte, reunindo mais de uma dezena de milhar de estudantes. Contudo, a repressão é cada vez mais intensa. Em setembro, Vladimir sai da cadeia, mas em outubro é preso de novo, quando a polícia desbarata o Congresso da UNE, em Ibiúna.
Vladimir durante Passeata dos Cem Mil
Foto: Arquivo
Vladimir discursa em frente ao prédio do Supremo Tribunal Militar
Foto: Arquivo
Em setembro de 1969 é trocado pelo embaixador americano, Charles Elbrick, com mais quatorze presos políticos, que seguem banidos para o México, perdendo todos os direitos de cidadania.
No exterior, Vladimir passa por diversos países: México, Cuba, Argélia, Chile, México de novo, e finalmente na Bélgica, onde, depois de trabalhar como operário, forma-se em economia pela Universidade Livre de Bruxelas. A formatura coincide com a aprovação da anistia, no Brasil, para onde volta em outubro de 1979, depois de dez anos de exílio.
É delegado ao primeiro encontro nacional do Partido dos Trabalhadores, onde defende e aprova a maior parte das teses do estado do Rio de Janeiro.
Em 1982 é candidato do PT ao senado federal. Na esteira da campanha para senador, companheiros o lançam candidato a deputado federal, enquanto Vladimir se torna dirigente do PT-RJ. Em 1985 é eleito presidente do PT-RJ e ganha a disputa interna que garante uma candidatura própria a prefeito do Rio, candidatura encarnada pelo companheiro Wilson Farias.
Em 1986, Vladimir apóia a indicação de Fernando Gabeira para ser candidato a governador e é ele mesmo candidato a deputado federal.
A campanha de Gabeira é um sucesso, apesar de a votação relativamente pequena. O PT do Rio de Janeiro cresce e inicia uma trajetória ascendente, que só será interrompida em 1994.
Desse modo, torna-se representante do PT na área econômica, onde ao lado de outros, sobretudo do senador Severo Gomes, que era a figura mais importante do campo progressista, costura um acordo que garantia a defesa da economia nacional.
A esquerda consegue aprovar o monopólio público da exploração mineral e uma série de medidas em defesa das empresas brasileiras, medidas que, todas elas, foram derrubadas no governo FHC.
Vladimir destaca-se ainda na defesa do regime presidencialista de governo, tendo sido um dos constituintes que encaminharam a votação vitoriosa sobre a questão do regime político em nosso país.
Da mesma forma, tem atuação relevante na anistia dos trabalhadores das empresas estatais.
Entre as emendas apresentadas por Vladimir podemos destacar as que garantiam direitos trabalhistas, como o direito de greve e a garantia de paridade entre trabalhadores aposentados e da ativa, emendas que limitavam a propriedade privada, como a que separava o direito da propriedade do de construção, emendas garantindo o direito dos consumidores, a defesa do meio ambiente, a reforma agrária, a democratização dos meios de comunicação, além das emendas parcialmente aprovadas, de defesa das empresas nacionais e da nacionalização da exploração mineral.
Encerrada a Constituinte, Vladimir é designado pelo partido para a comissão de economia da Câmara, com atuação sempre destacada. Aqui, já não se trata de emendas ou projetos - havia mais de 2500 projetos de lei no Congresso. Trata-se de levar adiante aqueles com cunho positivo.
Em 1990, é reeleito deputado federal, permanecendo como representante do PT na Comissão de Economia, com presença constante e atuante. Mas é na política onde Vladimir mais se destaca.
Pronuncia-se de diferentes maneiras contra atos governo Collor. Denuncia as condições da privatização da CSN, defende o aumento do salário mínimo e se posiciona a favor do sistema ferroviário, desmantelado pela administração federal. Do mesmo modo, Vladimir solidariza-se com a juventude chinesa, massacrada na Praça Vermelha.
No primeiro Congresso do PT, em 1990, defende teses por um partido mais combativo. Participa do movimento pela deposição do presidente Collor através das lutas parlamentares e solidarizando-se com os cara-pintadas nas ruas, liderados por Lindberg Farias - atual prefeito de Nova Iguaçu e pré-candidato a governador do Rio de Janeiro.
Da mesma forma, lidera a luta para o PT se tornar oposição ao presidente Itamar Franco; situação que ajudava a traçar o futuro do partido e de Lula. Em vez de um amálgama com o PSDB, colocando o PT em uma posição subalterna, traça uma via independente, que vem mais tarde a colocar Lula na presidência do país.
Porém, ainda mais importante é a participação de Vladimir na luta pelo presidencialismo. Já se considerava certo que o partido adotaria o parlamentarismo, apoiado por figuras ilustres e até pelo próprio Lula. Junto com Jacques Wagner, atual governador da Bahia, Paulo Bernardo, atual ministro do Planejamento, Sandra Starling, Athos Pereira e de tantos outros, Vladimir trabalha pela vitória do presidencialismo no plebiscito interno do PT.
O presidencialismo ganha e Vladimir tem novo desafio: vencer o plebiscito nacional, com o apoio oficial do partido. Ao lado de Jacques Wagner é coordenador da Frente Presidencialista, que tem a participação de membros de diversos partidos como Marco Maciel, PFL, Vivaldo Barbosa, PDT, Orestes Quércia, PMDB. Embora a vitória do parlamentarismo fosse dada como certa, a ação da frente presidencialista conquista a população e, com um programa de TV pela esquerda, o presidencialismo triunfa.
Não fosse esta vitória, não teríamos o PT no governo, nem Lula na presidência, realizando o maior governo dos últimos cinqüenta anos, com uma enorme redistribuição de renda, uma política externa independente e a abertura para a ação dos movimentos populares.
Finalmente, Vladimir inaugura nova forma de fazer política, realizando audiências populares, todas as sextas-feiras, na esquina de São José com Rio Branco, no Centro do Rio. No local, Vladimir prestava contas do seu trabalho em Brasília. Além disso, retomava sistematicamente aos lugares onde obteve apoio durante a campanha, prestando contas e recebendo reivindicações.
Após dois mandatos consecutivos, decide não mais concorrer à Câmara dos Deputados. Em 1994, ganha as prévias para ser o candidato ao governo do Rio. Mas estas são anuladas e Vladimir perde a indicação na convenção.
Em 1998, disputa novamente e ganha a indicação na Convenção, mas uma intervenção nacional obriga o PT do Rio a se aliar a Garotinho, sob protestos da militância.
Durante este tempo, Vladimir volta à Universidade e trabalha como professor. Em 2005, torna-se doutor em História pela UFF - Universidade Federal Fluminense.
Neste mesmo ano, quando o governo Lula e o PT são encostados na parede por uma vigorosa oposição, em função dos desmandos de uma minoria da direção do PT, Vladimir é chamado para defender Lula e o partido.
Sai candidato a governador, em 2006. Perde a disputa mas carrega uma bancada de oito deputados federais, sendo seis do PT, quando se falava em no máximo três. Isso se dá em função de uma campanha de opinião, politizada, sem esconder nenhum tema. Vladimir denuncia a política do caveirão e dá o mote: nem boca nem caveirão.
Durante o processo eleitoral, defende nova política de meio ambiente, assim como sustenta que o desenvolvimento econômico deve ser baseado em produtos de alta tecnologia e em serviços, além do turismo.
Do mesmo modo, apóia a luta pelos direitos dos setores oprimidos da sociedade: negros, mulheres, homossexuais, portadores de deficiência.
Propõe uma reorganização administrativa do Estado e denuncia as mentiras dos políticos tradicionais, inclusive do atual governador, que não realiza a maioria das promessas que fez.