A presidente tinha dois caminhos: ignorar as manifestações, já que eram dirigidas contra governos municipais e estaduais, ou assumir a direção do processo político, já que as lutas se espraiavam por todo o Brasil. Escolheu a segunda alternativa. Em uma primeira aparição na TV, elogiou o movimento, denunciou os vândalos, e ficou nisso.
Depois que a questão do aumento das passagens já estava resolvida, com a vitória dos manifestantes, no Rio de Janeiro e em São Paulo, a presidente decidiu entrar de cheio, no mesmo momento em que os meninos do MPL saíam.
A presidente foi para a ofensiva, defendendo algumas medidas que já estavam sendo examinadas no congresso, anunciando investimentos no setor de transporte urbano e, sobretudo, pedindo a convocação de uma Assembleia Constituinte exclusiva para tratar da reforma política. Esta constituinte já tinha sido pedida há tempos pelo presidente Lula, embora sem energia. Na época do mensalão, o Diretório estadual do PT-RJ já a tinha pedido, antes ainda do Lula.
Uma medida corajosa da presidente, que acendeu as esperanças da esquerda em todo o Brasil, já que o congresso brasileiro jamais fará uma reforma política que vá contra os interesses dos parlamentares.
A fala da presidente teve uma tremenda repercussão e colocou a direita na defensiva, ao mesmo tempo em que dava um desdobramento político à crise política, iniciada com os protestos do MPL contra o aumento das passagens.
Para espanto geral, a presidente deu o dito por não dito e votou atrás no dia seguinte. E passou a defender um simples plebiscito, de difícil execução e de conteúdo duvidoso.
Tudo isto, tendo como vice-presidente e chefe do mais importante partido aliado, um constitucionalista que era contra a constituinte, e que não foi consultado...
A trapalhada tornou-se geral. A Justiça eleitoral mostrou que o prazo era curto para que as medidas levadas a plebiscito pudessem ser aplicadas nas eleições de 2014. O vice Michel Temer afirmou, em entendimento com as lideranças do PT e outros partidos aliados, que as medidas só valeriam para as eleições depois de 2014.
Dilma desmoraliza Temer
A presidente não se conformou, e com seu jeito carinhoso de ser, pressionou Temer, que também mudou de posição, batendo o recorde presidencial: mudou do dia para noite...
PT ajuda confusão geral
Dilma perde seu cacife eleitoral
Nas pesquisas, Dilma perdeu sua popularidade, caindo a níveis alarmantes, embora ao lado do Cabral, do Alckmin, do Paes e do Haddad. Ou seja, a queda é dela, dos aliados e da oposição...
Mas há uma diferença. As classes dominantes e as elites políticas estão com horror a Dilma.
Ou seja, ela perdeu povo e elite.
Não ganhará mais as eleições do ano que vem.