ANO 1968
ANO 1968

O Ato Cinco

Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 1968

Após dois meses de prisão, quase todos os líderes estudantis foram soltos. Vladimir, José Dirceu, Travassos e o dirigente secundarista Vitor Ribas, permaneceram presos.

O presidente Costa e Silva, no dia 13 de dezembro, através do Ato Institucional Nº 5, suspendia garantias constitucionais como o habeas corpus, implantava o recesso parlamentar fechando o Congresso Nacional, criava poder de exceção aos governantes com a intervenção em estados e municípios, preparando o país para um período considerado de grande repressão, autoritarismo e arbitrariedade, os Anos de Chumbo.

Nesse dia, Vladimir Palmeira chegava ao Rio de Janeiro, sendo conduzido ao Centro de Armamento da Marinha, onde ficaria preso. No dia 14 de dezembro, uma escolta o levaria até a casa do pai, Senador Rui Palmeira, na Lagoa, que estava muito doente, em estado terminal. Vladimir Palmeira foi autorizado a visitá-lo por duas vezes.

- No domingo, me acordaram às pressas, meu pai estava morrendo. Nova saída, mesmo esquema de proteção... Morreu na minha presença, declara, em trecho do livro “Abaixo a Ditadura”.

O Senador Rui Palmeira morreu em 16 de dezembro de 1968.

O governo militar permitiu que o líder estudantil comparecesse ao velório do pai, no Palácio Monroe, antiga sede do Senado Federal. Porém, não houve autorização para que Vladimir Palmeira acompanhasse o enterro, que seria realizado na cidade de Maceió, Alagoas.

clique para ampliarJornal do Brasil

clique para ampliarCorreio da Manhã

 

clique para ampliar
Veja - 18 de dezembro de 1968

18 de dezembro de 1968

 

Nesse momento, o Brasil começava a viver um período de endurecimento ainda maior do regime militar, que instituiu a Lei de Segurança Nacional, a Censura Federal, a prisão perpétua e a pena de morte, através de emendas constitucionais, como o Ato 14.

O movimento estudantil foi totalmente desarticulado, as lideranças encontravam-se presas, a violência policial era grande, assim como a arbitrariedade dos órgãos de repressão.

Alguns líderes, como Franklin Martins, chegaram a ser libertados, mas foram atuar na clandestinidade.

Com o movimento estudantil reprimido, líderes presos, vários estudantes migraram para organizações de esquerda armada. Assim sendo, ações armadas de enfrentamento à ditadura tornaram-se comuns.

A mais espetacular delas reuniu dois grupos que haviam feito parte do Partido Comunista Brasileiro, a Ação Libertadora Nacional, ALN, dirigida pelo revolucionário Carlos Marighela e a Dissidência Comunista da Guanabara, DI - GB, à qual pertencia Vladimir - que desde este episódio passaria a adotar o nome do MR-8. Juntas, as duas organizações programaram o seqüestro do embaixador americano Charles Elbrick, com o objetivo de exigir ao governo militar a libertação de 15 presos políticos.

Com isso, em 07 de setembro de 1969, Vladimir Palmeira, José Dirceu, Luiz Travassos e mais 12 presos políticos foram libertados, sendo enviados para o México num avião da Força Aérea Brasileira. Vladimir passaria dez anos no exílio, só voltando ao Brasil em 1979, com a anistia.

clique para ampliar
Veja - 10 de setembro de 1969

10 de setembro de 1969

clique para ampliarHércules 56 da FAB levantando voo
Hércules 56 da FAB levantando voo
Foto: Arquivo

 

ANTERIORPRÓXIMA